
Depois de ter visto Swimming Pool não fiquei com muito boa impressão de François Ozon, achei o filme desinteressante e com um twist final demasiado forçado e apenas uma tentativa de dar algum estilo ao filme, torná-lo actual, quando na realidade aquilo mais parecia um enfadonho policial de Agatha Christie. Curiosamente, em Le temps qui rest, o método simples de narrativa é o mesmo e conseguiu-me surpreender.
Não há nada de demasiado inovador, mas só o facto de um filme sobre os últimos dias de vida de um homem conseguir fugir aos clichés do drama fácil é, por si só, admirável. O realizador consegue contar uma história de coragem sem ter um herói (pelo menos não no sentido herculiano do termo). É apenas o percurso Romain, um fotógrafo na casa dos 30 anos, nos últimos dias que lhe restam de vida. Um homem com o qual nunca precisamos de nos identificar para compreender o que Ozon nos quer transmitir com a sua obra. Um olhar diferente sobre a vida, da perspectiva da morte. Se quiserem, a morte, como uma forma de dar importância à vida (se Ozon não é cliché, eu não consigo deixar de o ser).
O magnífico desempenho de Melvil Poupaud é, como já ouvi por aí, um dos melhores desempenhos do cinema europeu desde Romain Duris em De Battre Mon Coeur C'est Arreté. A sua entrega é total, conseguindo construir uma evolução física e emocional do personagem soberba.
Talvez a ideia que soa mais a repetida é a dos constantes flashbacks da infância do personagem principal, quanto a mim, perfeitamente dispensáveis, mas, por outro lado, o filme atinge a sua excelência na cena em que Romain se vai despedir da avó. Arrebatadora.
O final sabe a pouco, resta-nos reclamar de que ficou muita coisa por contar. Mas não serão mesmo assim todas as histórias de mortes prematuras? A certeza de algo permanentemente inacabado, aonde havia tanto mais para dizer.
 A minha classificação é de: 7/10Etiquetas: Criticas |
Concordo com a classificação, o filme é bom mas não chega a atingir o brilhantismo que por vezes sugere.